terça-feira, 20 de setembro de 2022

Entre O Sono e a Insónia Há Caminho . Joel Nachio

Querida insónia, impregna-me nesta subtil dança, 

Entre nuvens e estrelas de outras constelações, 

Brincarei dentre delas tal e qual briosa criança, 

Espero que assim sejam preenchidos mil corações, 

 

Entretanto vem o sono na ligeireza deste embalar, 

A despedida ao real, aceno ao devaneio inebriado, 

Exacerba-me e enfim concede-me asas para voar, 

De sorriso no rosto através da terra e céu sonhado, 

 

Diz o viandante "Os dias correm e soam só a vida, 

Há caminho, sozinho ou acompanhado a resumir, 

O mundo vai passando e dá-me finalmente guarida, 

 

Mesmo sabendo que cada momento um dia irá partir, 

Assim me fico entre o amanhã e ontem, nesta partida 

Que na impermanência tanto me faz chorar como sorrir, 

 

O nascimento do sol traz assim nova esperança, 

Vem e sê o meu cobertor minha doce madrugada, 

Envolver-me-ei em repouso no teu leito tal criança 

Que não teme o destinado dessa margem afastada, 


Acenando a mil despedidas póstumas: é o caminho, 

De asas nos tornozelos e vista numa longa paisagem, 

Assim em mim sou partida, quase sempre sozinho 

E em mim quem foi ou será, será em mim bagagem, 

 

Este desassossego é esta ponte entre margens, o andar, 

Que é quase voo e quase afogamento no quase acidental, 

Sem saber bem o que nos espera ou pelo quê esperar, 


Vai indo o vagabundo entre o supérfluo e o essencial, 

Desde que as noites vindoiras ensinem o que é amar 

Prometo-vos que por onde for comigo irá o vendaval!

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