terça-feira, 20 de setembro de 2022

Para o meu coração . Pablu Neruda

Para o meu coração basta o teu peito, 

para a tua liberdade as minhas asas. 

Da minha boca chegará até ao céu 

o que dormia sobre a tua alma. 

 

És em ti a ilusão de cada dia. 

Como o orvalho tu chegas às corolas. 

Minas o horizonte com a tua ausência. 

Eternamente em fuga como a onda. 

 

Eu disse que no vento ias cantando 

como os pinheiros e como os mastros. 

Como eles tu és alta e taciturna. 

E ficas logo triste, como uma viagem. 

 

Acolhedora como um velho caminho. 

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas. 

Eu acordei e às vezes emigram e fogem 

pássaros que dormiam na tua alma.

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